Professor escolar pode tornar aula de música mais atraente
Por Juliana Cruz - juliana.cruz@usp.br
Publicado em 25/agosto/2010 |
Editoria : Educação |
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Pesquisa da Faculdade de Educação (FE) da USP propõe novas maneiras de formar professores que trabalham com o ensino de música na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I. O objetivo do estudo foi desenvolver caminhos para que, mesmo sem formação acadêmica em música, esses professores possam superar o método tradicional do ensino dessa disciplina na escola.
A tese Música na escola: desafios e perspectivas na formação contínua de educadores da rede pública, de autoria de Iveta Maria Borges Ávila Fernandes e orientada pela professora Heloisa Dupas de Oliveira Penteado, da FE, trabalhou com as escolas públicas municipais de Mogi das Cruzes. “Os professores tinham vontade de ensinar, mas as aulas eram no máximo com algum canto conjunto”, afirma. Iniciaram-se, então, por iniciativa da própria Secretaria Municipal de Educação da cidade, cursos com o objetivo de ensinar aos professores um pouco de música e, principalmente, como lecioná-la sob novas perspectivas.
O ensino tradicional em escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental I consiste, basicamente, em cantar músicas que não são de autoria própria, sem trabalhar o desenvolvimento da linguagem musical. A maneira repetitiva como a aula costuma ser ministrada e o raro uso de instrumentos e do aspecto lúdico, tornam o aprendizado menos atraente para a criança.
De acordo com o estudo, a superação do modelo tradicional pode acontecer com a incorporação de novas formas de trabalho que incluam mais atividades lúdicas, como jogos, brincadeiras e atividades didáticas em grupo. “A proposta é cantar, tocar, improvisar, compor, interpretar e apreciar”, explica Iveta. De acordo com ela, se uma criança pode aprender a ler e escrever, também pode aprender a compor. “É claro que nem todos serão Machado de Assis, assim como nem todos serão Villa Lobos, mas é possível que a criança desenvolva sua linguagem musical e a aula se torne mais eficaz”, completa.
Formação profissional
Para Iveta, a formação dos professores é o principal entrave ao desenvolvimento de novos procedimentos didáticos no ensino de música. “Em geral professores de Educação Infantil e Fundamental I cursaram magistério ou pedagogia. Neste último, é exceção cursos que têm a disciplina Arte contendo música como linguagem.”
Para Iveta, a formação dos professores é o principal entrave ao desenvolvimento de novos procedimentos didáticos no ensino de música. “Em geral professores de Educação Infantil e Fundamental I cursaram magistério ou pedagogia. Neste último, é exceção cursos que têm a disciplina Arte contendo música como linguagem.”
A pesquisa da FE não sugere uma formação técnica do professor, mas propõe que ele se desenvolva profissionalmente junto a seus pares, com a intermediação de um especialista formador de professores, que atue direta ou indiretamente junto a equipe. Também é estimulada a busca de elementos, fora do ambiente escolar, para ampliar seu conhecimento e vivência musical. “O professor deve ser pesquisador e, enquanto pesquisa, ele também atua nas aulas. Assim, a qualidade de sua atuação melhora”, pondera Iveta.
Nesta direção, uma das propostas é a de que o professor assista a espetáculos musicais e shows, por exemplo, como parte de seu trabalho. Por outro lado, também é necessária uma fundamentação teórica. Iveta alerta: “Prática pela prática não dá. Deve haver alguma base teórica por parte do professor.”
Além disso, propõe-se que os professores retomem, em suas aulas, a cultura brasileira da infância, as inúmeras brincadeiras de tradição. Instrumentos fáceis de trabalhar, como clavas, ganzás e xilofones, são sugeridos, bem como a utilização de músicas populares e eruditas.
Iveta também ressalta a importância da atuação conjunta do educador e da direção da escola. “Deve haver uma parceria entre diretores, coordenadores e docentes. Sem o respaldo da direção, o professor sozinho não consegue pôr em prática seu projeto pedagógico de música, que deve ser articulado ao Projeto Político Pedagógico da escola.”
Obrigatoriedade do ensino
O ensino musical ao longo da Educação Básica (Educação Infantil ao Ensino Médio) tornou-se obrigatório com a lei 11.769, sancionada em 2008 e que deve entrar em vigor em todas as escolas no 2º semestre de 2011. Tal lei é vista de maneira positiva por Iveta, já que a educação musical proporciona ao aluno não só o aprendizado da linguagem musical em si, mas ganhos em diversas áreas do conhecimento.
O ensino musical ao longo da Educação Básica (Educação Infantil ao Ensino Médio) tornou-se obrigatório com a lei 11.769, sancionada em 2008 e que deve entrar em vigor em todas as escolas no 2º semestre de 2011. Tal lei é vista de maneira positiva por Iveta, já que a educação musical proporciona ao aluno não só o aprendizado da linguagem musical em si, mas ganhos em diversas áreas do conhecimento.
Há, por exemplo, um desenvolvimento melódico e rítmico. O lado emocional, afetivo e racional da criança, bem como sua percepção auditiva, são estimulados e existe um ganho em aprender a trabalhar em conjunto. “Não adianta que a criança faça sua parte sem importar-se com a parte do outro. Ao fazer música grupalmente ela aprende a trabalhar em grupo mesmo, pois depende dos outros e do próprio trabalho para que o todo saia bem feito”, destaca Iveta.
http://www.usp.br/agen/?p=31913
A Lei Nº 11.769, sancionada pelo então presidente Luta, no dia 18 de agosto de 2008, estabelece a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas de educação básica. Apesar do ensino da música já ser obrigatório desde 2011, muitas escolas ainda não aderiram ao ensino musical em nenhum de seus níveis de ensino, privando infelizmente seus alunos de terem o contato com uma grande linguagem artística e cultura, que tem potencial para desenvolver não somente o lado pessoal e intelectual dos alunos, mas também facilitar o processo de ensino aprendizagem nas escolas, quebrando o tradicionalismo e a rotina uniformizada do ato de aprender.
ResponderExcluirCom um olhar voltado para a educação infantil, a música não seria aplicada para estimular o aluno a aprender uma matéria ou assimilar um conteúdo. A música na educação Infantil pode ser aplicada para libertar as crianças, promovendo momentos diferentes de ludicidade e desenvolvimento pessoal.
Não é necessário que se tenha em sala, pelo menos na educação infantil um profissional especializado em música, mas é necessário que se tenha um professor (a) qualificado, com formação continuada e entusiasta da cultura, que possa passar para as crianças a importância e riqueza das diferentes manifestações culturais existem, como por exemplo: a música, a escrita (poética) a dança, a pintura, entre outras.
Infelizmente, apesar de todos os benefícios proporcionados pelo contato com a música, dificilmente é possível identificar esse contanto nas escolas, creches e pré-escolas, principalmente quando esses são estabelecimentos públicos. Para essa situação mudar, não basta apenas à criação de uma lei, é necessária a aplicação pratica das escolas, a mudanças nos tradicionais PPPs escolares e ainda é necessário ‘preparar’ os educadores para reconhecer e lidar com diferentes expressões linguísticas além da fala e da escrita para que eles possam apreciar e incentivar a apreciação cultural, desenvolvendo um trabalho de valorização e respeito por todas as formas de se fazer arte e de se expressar.